O Jornal Público Publicou o Artigo do Dr. Xu Zhida, Encarregado de Negócios a.i. da Embaixada da China em Lisboa, Intitulado "O desenvolvimento da China trará novas oportunidades para as cooperações sino-portuguesa e sino-europeia"
2020-12-30 17:53

O jornal português Público publicou a 24 de Dezembro o artigo intitulado "O desenvolvimento da China trará novas oportunidades para as cooperações sino-portuguesa e sino-europeia. Segue-se o artigo na íntegra:

Há pouco tempo, foi realizada com sucesso a quinta sessão plenária do 19º Comité Central do Partido Comunista da China (PCC), em que foi deliberada e aprovada a Proposta do Comité Central do PCC sobre a Definição do 14º Plano Quinquenal (2021-2025) para a Economia Nacional e o Desenvolvimento Social e os Objetivos de Longo Prazo até ao Ano de 2035, delineando o blueprint do desenvolvimento da China nos próximos tempos. Isso mereceu muita atenção dos mais diversos quadrantes de Portugal. Nos últimos tempos, muitos amigos portugueses têm me levantado as mesmas perguntas: Qual é o significado do 14º Plano Quinquenal para a China? Qual é a influência do desenvolvimento da China para Portugal, a Europa e o mundo inteiro? Nesta ocasião, gostaria de compartilhar quatro palavras-chave com os amigos.

A primeira palavra-chave é Confiança. Desde o ano de 1953, foram lançados e cumpridos consecutivamente treze Planos Quinquenais. O meu pai tem a mesma idade da nova China e a sua geração acompanhou pessoalmente toda a implementação do 1º Plano Quinquenal até ao 13º, testemunhando com os próprios olhos as mundança impetuosas da China. Nos mais de 70 anos após a fundação da China, sobretudo nos mais de 40 anos desde a Reforma e Abertura, o PIB da China aumentou mais de 170 vezes. Mesmo começando do zero, a China tornou-se na segunda economia a nível global. O país conseguiu aumentar a esperança média de vida de 35 anos para os 77 anos. Durante o período de 13º Plano Quinquenal, nomeadamente nos últimos 5 anos, a China retirou da pobreza mais de 50 milhões de pessoas, a questão da pobreza absoluta foi resolvida historicamente. A China será a única grande economia do mundo a crescer neste ano e é previsto que o seu volume económico ultrapassará os 100 trilhões de Renminbi (cerca de 12,5 trilhões de euros) em 2020. O plano quinquenal constitui não apenas o código importante da boa governança da China, mas também a origem da confiança do povo chinês depositada numa vida melhor. Com o 14º Plano Quinquenal, a China começará uma nova jornada da construção integral de um país socialista moderno. Estamos cheios de confiança na realização das metas estratégicas faseadas do desenvolvimento económico e social da China definidas para os próximos cinco anos bem como os Objetivos de Longo Prazo até 2035.

A segunda é Abertura. Ao longo do próximo quinquénio, a China vai acelerar o estabelecimento de um novo padrão de desenvolvimento caraterizado de dupla circulação, que tem o mercado interno como esteio e permite que os mercados interno e externo se impulsionem um ao outro. Este novo padrão de desenvolvimento não significa, por certo, uma circulação interna com porta fechada, mas sim uma melhor vinculação entre os mercados doméstico e internacional, bem como a construção de um novo sistema económico aberto de nível mais alto. Até ao momento, a China já assinou 201 documentos de cooperação para a construção conjunta de Uma Faixa e Uma Rota com 138 países e 31 organizações internacionais e realizou com sucesso três edições da Feira Internacional de Importação conhecida como a CIIE. No dia 15 de novembro deste ano, a China e outros 14 países assinaram juntos o acordo da Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP, na sigla em inglês), estabelecendo uma zona de comércio livre que se destaca pela maior população envolvida, a estrutura dos membros mais diversificada e o maior potencial do desenvolvimento. A porta ao exterior da China só pode ser cada vez mais aberta e a construção de uma dulpa circulação entre os mercados interno e externo pela parte chinesa ajudará certamente a expandir o espaço da cooperação de benefícios mútuos China-Portugal e China-UE, dando um maior impulso para a recuperação económica europeia e mundial.

A terceira é Verde. Logo depois da minha chegada a Portugal, o céu azul e o mar clarinho daqui fizeram-me entender melhor uma frase que o povo chinês costuma dizer: as águas limpas e os montes verdes são mais valiosos que o ouro. A pandemia da covid-19 obrigou-nos a fazer uma reflexão profunda sobre as relações entre os seres humanos e a natureza. A comunidade internacional tem pela sua frente um tema comum para estudar, isto é, como é que se pode trabalhar de mãos dadas para realizar uma recuperação verde no pós-pandemia. Nos tempos do 14º Plano Quinquenal, a China vai acelerar o desenvolvimento das indústrias de novas energias e proteção ambiental, promovendo uma transição verde global do desenvolvimento sócio-económico. O governo português coloca as transições digital e climática como prioridades, o que coincide com a ideia da parte chinesa e corrobora que a China e Portugal, bem como a China e a Europa, são verdadeiros parceiros que compartilham a mesma ambição e aspiração no combate às mudanças climáticas globais. Há pouco tempo, o Presidente Xi Jinping anunciou durante o debate geral na 75ª Assembleia Geral da ONU e a Cimeira da Ambição Climática que a China se esforçará a chegar ao pico da emissão da CO2 antes de 2030 e alcançar a neutralidade de carbono antes de 2060. Em 2030, a emissão de CO2 por unidade do PIB chinês reduzirá em mais de 65% comparada com a de 2005, as energias não fósseis representarão cerca de 25% do consumo da energia primária, a reserva florestal incrementar-se-á em 6 mil milhões de metros cúbicos em comparação com a de 2005, e a totalidade da capacidade instalada da energia eólica e solar superará os 1,2 mil milhões de quilowatts. Sendo sempre fiel ao seu compromisso, a China vai empreender ações concretas para alcançar as metas acima mencionadas. Ao promover o seu próprio desenvolvimento verde, a China não deixará de fazer contributos maiores ao combate mundial às mudanças climáticas.

E a quarta é Solidariedade. Face às circunstâncias severas em que a pandemia da Covid-19 se alastra a nível global, o Presidente Xi Jinping anunciou um conjunto de grandes iniciativas e medidas em vários eventos multilaterais recentes de grande importância, emitindo o forte sinal de que a China dará apoio firme ao multilateralismo, promoverá determinadamente a construção conjunta da Comunidade de Destino Compartilhado para a Humanidade, e lutará em conjunto com os outros países para superar os desafios dos tempos atuais. A China vai implementar bem o COVAX, compartilhar as vacinas chinesas com os outros países, os países em desenvolvimento em particular, e empenhar-se em garantir a acessibilidade de vacina como um bem público a todos os povos. O multilateralismo e o comércio livre são valores compartilhados pela China e Europa. A China está disposta a trabalhar em conjunto com a parte portuguesa e a parte europeia, para defender o sistema internacional centrado na ONU, as ordens internacionais baseadas no Direito Internacional e o sistema do comércio multilateral que tem a OMC como pedra angular, com o objectivo de aperfeiçoar constantemente o sistema da governança global e construir juntos um mundo mais próspero e harmonioso.

Este ano marca o 15º aniversário do estabelecimento da Parceria Estratégica Global entre a China e Portugal, enquanto as relações entre os dois países se encontram no seu melhor momento histórico. Ao longo do combate conjunto à pandemia, a China e Portugal têm-se entendido, apoiado e ajudado mutuamente. Como resultado, a amizade entre os dois povos foi ainda mais aprofundada e a Parceria Estratégica Global entre os dois países saiu mais consolidada. Superando as dificuldades implicadas pela pandemia, as partes chinesa e portuguesa conseguiram levar a sua cooperação pragmática em todos os sectores ao abrigo de Uma Faixa e Uma Rota a ganhar novo dinamismo apesar das adversidades, tendo visto novos avanços na cooperação em energia, infra-estruturas, indústria, ciência e tecnologia, entre outras áreas. Neste momento, tanto a China como Portugal enfrentam tarefas de combate à pandemia, estabilização da economia, sustento do bem-estar da população bem como a transição e atualização da estrutura económica. A forte complementalidade entre a China e Portugal em termos de economia e tecnologia vão disponibilizar perspectivas mais risonhas da sua cooperação no futuro. Portugal vai assumir a presidência do Conselho da União Europeia no ano que vem. A China continuará, como sempre, a apoiar firmemente o processo da integração europeia bem como a coesão e fortalecimento da UE. Saudamos uma europa estável e próspera a desempenhar papel mais importante na comunidade internacional. A China está disposta a trabalhar em conjunto com a parte portuguesa, para continuar a aderir ao espírito de igualdade, benefícios mútuos e cooperação de ganhos compartilhados, intensificar o diálogo e intercâmbio, e levar as Parcerias Estratégicas Globais China-Portugal e China-UE a obter maiores avanços de forma estável e sustentável.